sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O Cachecol (histórias da solitude)

A minha vida foi sempre meio sozinha, como se fosse eu predestinado a viver diferente, nas entrelinhas. Por causa disso, não era muito carinhoso, muito disso devido à ausência de amor familiar, mesmo com pais presentes, e vivia isolado do mundo e das pessoas; mesmo quando aparentava me dar bem com elas, e estar próximo delas, física e emocionalmente. Também varias vezes amei e fui fragorosamente e infalivelmente não correspondido, me sobrando assim algumas (muitas) mágoas.

O Mais interessante de tudo, é que quando se tem a impressão de que tudo está mudando, acontece de ser justamente o contrário!

Bem por causa disso que eu preciso lhes contar essa pequena historia de minha vida, sobre um cachecol que ganhei dias atrás.

Uma boa alma, piedoso arcanjo de penas azuis, fez um cachecol com suas próprias mãos e deu-mo, em um dia que tinha tudo para ser igual aos outros demais. Fiquei exultante com o presente, como há tempos não me via ficar. Passei-o prontamente pelo pescoço e fui alegre e iluminado assistir minhas aulas.

Na classe, as línguas pútridas e ferinas dos desocupados convivas da sala, prontamente se intumesceram em criticas e comentários pouco elogiosos quanto o meu cachecol de listras azuis e brancas. “é efeminado”, “é infantilóide” eles disseram, mas em palavras muito menos amenas que as que apresento. E eu, prontamente, para rebater tais comentários, usava minha dor de garganta como justificativa para o cachecol. Até tossia de leve, como para por um ponto final na discussão.

Mas as gentes indesejadas não se dão por satisfeitas até levar alguém por terra, independente de ser alguém a quem adoram dizer que “querem bem”. E assim, me cansei de lutar contra todos mais uma vez, e deixei desde então o cachecol guardado com carinho em uma gaveta dedicada apenas as coisas muito bem quistas.

A verdade é que aquele cachecol não me protegia durante dor de garganta alguma. A verdade é que eu sentia uma coisa muito diferente naquele cachecol.

Aquele cachecol para mim era um abraço.

2 comentários:

Rosangela A. Santos disse...

Pq será que damos tanto importancia a opinião aleia .. é em tudo .. na roupa que usamos, o vocalubaria, dependendo de onde estamos temos que nos adequar como se fossemos camaleão ..
eu procuro fugir um pouco disso "tentnaod ser eu mesma e que se dane a opinião dos outros...se eu me sinto bem de uma forma .. pq tenho que mudar pra agradar a sociedade???

tem certos momentos e situações que não há como fugir e nos adequacamos as ambiente em que estamos .. imposição da sociedade..

deixe um pouco a opinião aelia e seja feliz .. não são eles que paga as suas contas, e não esta vivendo a sua vida ..

Abç..

Anônimo disse...

venho falar duas coisas:
1-vc disse em meu blog que "mesmo tendo pouco conhecimento de política (afinal, tenho mizeros dezessete anos)". Como você, eu tenho 20, e comecei a falar de política com 17 e sem experiência, mas lendo observando e analisando. Nunca subestime sua idade. D. Pedro II era imperador com 14! Por que nós não podemos com 20?
2-você escreve muito bem, com excelente português =D fico feliz. E eu também me sinto isolado. Basta ver: 17 anos lendo e discutindo política, não é um assunto que te coloca sobre holofotes no pátio da escola. Mas tudo bem, são dos poucos e BONS amigos que tenho e preciso. Mesmo em outra cidade, agora em universidade, eu os revejo, eu os abraço, são tanto quanto minha família: onde sempre posso me acolher e me divertir certamente.