segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Retorno Para Oz

A vida cansava Camila mais do que a qualquer outro ser sobre a Terra. O circuito cama-trabalho-supermercado-igreja-cama tinha exaurido sua vontade de viver de uma vez por todas, e ela praticamente vegetava, seguindo o fluxo da rotina pré-estabelecida pela sociedade.

Mas, aconteceu de uma noite, mais precisamente no Equinócio de Primavera, Camila não conseguir dormir suas seis horas habituais, que de nada traziam descanso, apenas relaxamento material. Em vez do sono torpe e sem sonhos, ela presenciava um estranho fato em seu diminuto dormitório: uma pequena porta de madeira escura e maçaneta reluzente aparecera no espaço entre o roupeiro e a parede.

Atônita, levanta-se e abre a porta, prostrando-se de joelhos para tentar ver o que poderia haver detrás da porta, pouco maior que sua cabeça.

Uma interjeição de espanto, um arrepio, e Camila tinha sido misteriosamente transportada para o outro lado da porta.

Ela agora experimentava a ausência de peso de uma queda livre, causando-lhe um misto de assombro divertido e medo. Será que morreria da queda? O que poderia haver no fim daquele “precipício”? E o mais importante: como teria ela chegado até ali?

Essa gama de acontecimentos e sensações parecia tê-la despertado do torpor que ela tinha vivido por toda sua vida adulta. Ela voltara a ter a percepção maravilhada de mundo que uma criança possui.

Camila sentiu que podia voar, e começou a agitar os braços no compasso constante das aves. Logo ela tinha conseguido tomar o controle da queda, tornando-a um vôo suave, que a levou suavemente ao solo, aportando em um imenso prado esmeraldino, pontilhado de flores multicores.

Um sorriso iluminou seu rosto, como a muito não se via, e, na alegria segura de uma criança livre, pôs se a correr e gargalhar por entre as flores do prado.

2 comentários:

Provisório disse...

Gostei do seu blog...
Muito boa narrativa!

Leon Bard disse...

Muito Legal, bem simples, mais com um teor de suspense.
Abraços