sexta-feira, 7 de setembro de 2007

jogando com a Morte

Mas uma vez podia se ouvir o estalido suave do isqueiro de Dira sendo aceso dentro do armário do quarto de hóspedes. Ela, que jurara que nunca mais acender um bequi estava lá, mostrando que promessas podem ser quebradas.

Ela estava no fim da linha, tanto que a Morte em pessoa foi buscá-la.

-Partes agora, Dira, a sua hora chegou

-Deixa rolar, bixo, sem stress

-Nada mais está rolando, você envenenou até a última célula nervosa com essa porcaria, isso foi mais que o suficiente por uma vida.

Dira cospe a fumaça do baseado na cara da Morte, e fica rindo dela tossir e abanar a fumaça para longe de seu rosto.

-Já chega! você não respeita nem a si mesma, vai direto ao inferno.

-Calma, calma- tenta amenizar Dira, que se tocou da seriedade da situação- joguemos uma partida de poker apostando a minha vida, se eu ganhar você me deixa em paz.

A Morte reclama, mas aceita, pois sabe que ela nem deve raciocinar mais.

A Morte joga com técnica, mas Dira tem sorte, ou o baralho foi mexido. MAs, de qualquer jeito, Dira ganha todas as fichas da sorte e ganha o jogo.

A Morte sai de mãos vazias, e Dira ri, vitoriosa.

Mas, sai de casa para se abastecer de erva, e é atropelada, morrendo na hora.

Vila mexicana

Já fazia uma semana que eu estava preso ali, naquela vila mexicana odiosa, sem telefone, sem mecânico para tratar do meu carro, sem sinal de um chuveiro, e sem alguém que falasse português.

Estava sentado na soleira do local que me "acolheu", pensando em como escapar de lá, mas sem frutos; quando, de repente, os locais começaram a fazer uma festa no meio da rua enluarada.

Homens tocando violão "animavam" a festa com um som desarmónico, enquanto mulheres descabeladas, vestindo sais gigantescas dançavam freneticamente no meio de uma roda de pessoas.

O som ensurdecedor das pessoas cantando e gritando não me deixava pensar, e logo estava entrando em minha cabeça e fazia-a latejar.

Comecei a gritar, mandando os "malditos ticanos" calarem a boca e pararem de tocar, que eram duas da madrugada e que não era hora de fazer algazarra. Em vão.

quando já estava desistindo de calá-los, e desistindo até de continuar vivendo, uma ruiva fogosa, carregando uma dose de tequila chega sorrindo e diz algo que deveria soar como "relaxa, toma a birita e vamos nos divertir"

Começo a achar que não é tão ruim assim